O governo brasileiro está negociando a compra do porta-helicópteros britânico HMS Ocean para substituir o navio-aeródromo São Paulo, desativado pela Marinha em fevereiro deste ano.

Construído na década de 90 e ativo há 19 anos nas águas do Reino Unido, o HMS tem o preço estimado de R$ 312 milhões e previsão de ser “aposentado”pelos ingleses em 2018.

A negociação começou, segundo o site inglês UK Defense, há três semanas, durante a LAAD Defence & Security 2017, maior feira de defesa e segurança da América Latina, realizada no Rio de Janeiro.


A embarcação inglesa é um navio de assalto anfíbio, com capacidade para transportar uma força de até 830 fuzileiros, além da sua tripulação e grupo aéreo, e transportar até 12 helicópteros pesados e seis de tamanho médio.

O HMS Ocean ainda pode ser usado como navio almirante, pois possui um hospital e uma central de dessalinização que produz 80 toneladas de água doce por dia.

Segundo a Marinha, a desmobilização do São Paulo foi decidida após a constatação de que o programa de modernização previsto para o navio brasileiro teria altíssimo custo, além de conter incertezas técnicas e necessitar de um longo tempo para ser concluído – aproximadamente dez anos.

De acordo com o órgão, a obtenção de um novo conjunto de navio-aeródromo e aeronaves é considerada a terceira prioridade de aquisições da Marinha, logo após o Programa Nuclear e o Programa de Construção das Corvetas Classe Tamandaré.


Em comunicado, o comando afirmou que o custo dessa nova aquisição será potencialmente menor que o de modernização do NAe “São Paulo” e da compra de novas aeronaves compatíveis com esse transporte, já que tais modelos deverão estar no final de sua vida quando se terminasse a modernização.

Apesar do interesse, a Força Naval informou a O TEMPO que a compra não está fechada. “Não foi nada além de um diálogo durante a participação em uma feira de defesa que aconteceu no Rio de Janeiro. Demonstramos interesse em saber detalhes desse navio-aeródromo, mas nenhum negócio foi oficialmente fechado. Outros países também conversaram com os ingleses”, afirmou o tenente Strebi, da assessoria de imprensa da Marinha do Brasil.

Até o recebimento de outro navio-aeródromo, as operações de batalha naval – embora o país não tenha histórico de envolvimento em guerras – com uso de aviação de asa fixa serão distribuídas na Base Aérea Naval e em outras instalações de terra.


Para o especialista em Relações Internacionais, Estratégias e Políticas de Defesa, jornalista Marcelo Rech, a compra, na atual conjuntura, é desnecessária. “As estruturas da Marinha já existentes podem, a princípio, arcar com as demandas navais”, afirma.

Rech, porém, não vê problemas no fato de o país adquirir um equipamento em fim de vida útil em outro país. “A nossa realidade é diferente de outros países que convivem com ameaças de guerra todo o tempo. O país tem responsabilidades como fiscalização, patrulhamento e vigilância das fronteiras aquáticas, mas que não exigem algo tão novo”.

Problemas
Em sua passagem pelo Brasil em 2010, o HMS Ocean apresentou vários problemas, inclusive de motor, segundo o especialista Luiz Padilha disse ao site Defesa Aérea e Naval; “Toda Marinha quando vai dar baixa num navio para de gastar dinheiro ele. A pergunta é como ele estará em 2018”, disse Padilha.


Do Tempo